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Chico Buarque, trajetória e obra em foco

Uma das primeiras estrelas da MPB, Chico Buarque foi um dos primeiros a se tornar uma estrela pop. Com seu caloroso canto fraseado, nasalado, elegante e exímia habilidade na composição de letras, Chico tornou-se extremamente popular entre as mulheres, que amavam sua sensualidade discreta. No entanto, Chico se sentia desconfortável em fazer o papel de pop star, preferindo ser visto como um artista sério. Ao longo de sua carreira, ele conseguiu ter o melhor dos dois mundos, mas não sem alguns obstáculos significativos ao longo do caminho. Mesmo assim, continua sendo uma figura destacada da música popular brasileira, um dos maiores cantores / compositores e intérpretes do samba no país.

Nascido no Rio de Janeiro em 1944, Chico passou sua juventude em São Paulo e na Itália. Ao retornar ao Brasil, o desenvolvimento artístico de Buarque foi muito potencializado pelos amigos de seu pai (o historiador Sergio Buarque de Holanda) que se destacaram no início do movimento da bossa nova. Embora mergulhasse na música, especificamente nos novos sons da bossa nova de João Gilberto, Chico decidiu que o ensino superior era mais prático e decidiu estudar arquitetura na Universidade de São Paulo. Essa acabou sendo uma escolha de carreira curta e não demorou muito para que Chico estivesse matando aulas e saindo com os conhecedores da bossa nova de São Paulo.

Chico tinha 21 anos quando sua carreira começou a decolar. Gravou o single “Pedro Pedreiro”, música composta para uma produção teatral. Talvez o mais importante, teve três de suas composições gravadas pela indiscutível rainha da bossa nova, Nara Leão. Intérprete abertamente polêmico, o material de Chico não carecia de consciência social, mas parecia estilisticamente conservador quando comparado aos sons do final dos anos 60 dos tropicalistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Os Mutantes. Apesar das acusações de conservadorismo estético levantadas contra ele (por Gil e Caetano), Chico teve uma grande chance na carreira em 1968 escrevendo e marcando uma peça existencial sombria intitulada Roda Viva que era crítica da cultura obsessiva dos fãs.

O protagonista da estrela pop da peça é dilacerado membro por membro, sua carne consumida por seus fãs. Em um movimento que parecia retirado do radical Living Theatre de Julian Beck, os artistas ofereciam ao público pedaços da carne da estrela pop morta para comer (era carne de frango). Desnecessário dizer que, com uma ditadura militar no poder, isso foi considerado um assunto extremamente polêmico e soldados foram enviados para atrapalhar as apresentações do Roda Viva, que incluía destruição de cenários e agressão a artistas, o próprio Chico foi preso por um breve período.

 

Após o desastre do Roda Viva, Chico voltou à Itália por um ano apenas para voltar ao Brasil e encontrar a maioria das estrelas da tropicália no exílio ou severamente circunscritas pela censura do governo. Em 1971, gravou o disco, Construção, uma ruptura decidida com seus primeiros discos de bossa nova.

Esse foi o início da segunda metade da carreira de Chico, que o viu escrevendo canções mais intensas com complicadas camadas líricas revelando protesto social e político. Forçado a enviar seu material aos censores do governo, quase dois terços de seu trabalho foram rejeitados. E de 1974 a 1975, os censores não aprovaram quase nada que ele escreveu. De forma mais positiva, o rompimento entre Chico, Caetano e Gil foi resolvido no retorno ao Brasil em 1972, e Buarque passou a gravar com os dois em meados dos anos 1970.

Nos anos 80, Buarque recebeu mais liberdade de composição e gravou algumas músicas e discos de vinil impressionantes, além de se ramificar em outros empreendimentos artísticos que incluíam escrever peças e romances. Também fez trilhas sonoras, todo esse trabalho consistente com seu desejo de reexaminar  o passado cultural do Brasil, sua relação com o presente e suas possibilidades ilimitadas para o futuro.

Pelo resto da década, de fato, até o final do século, Chico continuou a gravar e a fazer turnês no ritmo incrível de quase um lançamento por ano. Alguns deles incluíram Dança da Meia-Lua em 1988, Para Todos em 1993, Uma Palavra de 1995 e Terra de 1997.

Buarque deu início ao século 21 com Cambaio em 2001, seguido por uma longa série de gravações ao vivo e DVDs de shows. Retornou ao estúdio e lançou o aclamado Carioca em 2006. Fez turnê com o álbum e lançou uma versão concerto em 2007, depois entrou em retiro e escreveu seu primeiro romance, Leite Derramado. Em 2010, Buarque completou um novo álbum de estúdio intitulado simplesmente Chico; foi lançado no Brasil no verão de 2011, e no outono foi lançado mundialmente via DRG.

Por quase 40 anos, Chico Buarque é um artista que luta contra a música pop e o estrelato pop. Sempre desafiador, sempre consciente da história cultural, ele continua, merecidamente, uma figura de destaque na música brasileira.

 

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